domingo, 16 de novembro de 2008

Não entendo as prioridades, o supercarro

Este era um carro de muita potência.

por Dal Marcondes

No Estadão deste domingo havia uma sobrecapa. Um anúncio de carro que com um chamado a pensar. Mas pensar em que? Havia cinco item sobre os quais o publicitário queria que eu, supostamente um consumidor, pesasse:

1 – Pense potência – Bom, minha reflexão sobre isto me fez lembrar um comentário da psicóloga Ana Verônica Mautner: o homem precisa do motor para carregar o pênis. A potência não é dele, é do carro. Acho que isto quer dizer que não comprarei um carro pela potência.

2 – Pense tecnologia – Há tempos venho dizendo que precisamos rever os conceitos de tecnologia para automóveis. O carro mais econômico do Brasil (segundo o fabricante), pesa 830 quilos. Dez vezes mais do que eu. Bom, já me acho gordo tendo de carregar dez quilo a mais do que deveria. Porque tenho que me sentir feliz carregando dez vezes mais o meu peso apenas para me locomover. Acho que um carro poderia ser muito mais leve, precisando de muito menos combustível para se mover e, portanto, também menos potência.

3 – Pense conforto – Gosto de conforto. Adoro me sentar bem para assistir TV, deitar na rede para ler um livro ou vestir roupas confortáveis. Mas o que significa conforto em um carro? Botões para fazer coisas como subir e baixar vidros, ajustar banco e espelhos? Bom, andar de carro já é um conforto, portanto, prefiro meu dinheiro em menos poluição, menos CO², menos espaço ocupado na cidade e mais autonomia em quilômetros por litro de combustível.

4 – Pense segurança – Desta eu gostei. Assisti ao filme EU ROBÔ outro dia, estrelado pelo Will Smith. Muito legal, apesar de não ter quase nada a ver com a história original do Isaac Asimov. Bom, mas no filme o mocinho dirigia um carro que, ao bater, enchia a cabine com uma espuma que endurecia e protegia os ocupantes. Como ainda não chegamos lá, gostaria de ter airbags por todos os lados. Incrível é que o anúncio Falava em design arrojado, motor de ultima geração e que o carro tem dois arbags frontais. Nem um de ladinho, para proteger a gente de colisões em cruzamentos, estas coisa que acontecem nas cidades.

5 – Pense Beleza – Bem, neste caso pensei na beleza das minhas filhas, dos netos que ainda vou ter, da minha mulher. Todos que seriam beneficiados com menos poluição, mais segurança, menos potência etc.

Quando vamos fazer uma reflexão sobre o tipo de carro que precisamos? É um meio de transporte, deve ser leve, econômico, seguro, poluir o mínimo possível e emitir quase nada de CO². Tem Muita gente falando em combustíveis alternativos, eu já ficaria contente com veículos que conseguissem extrair mais de 50 quilômetros de um litro de gasolina de boa qualidade.

Vamos continuar a vender carros baseados na potência e na adrenalina para andar em cidades onde mal se engata a terceira marcha. As estatísticas de mortes no trânsito mostram quanto estamos estimulando a juventude a “extrair” potência dos motores e a pensar muito pouco em segurança, eficiência energética e estas coisinhas mais que tem a ver com futuro e qualidade de vida para todos, e não apenas para que está atrás do volantes de um supercarro. (Envolverde)

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