segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A mensagem está no método, não no meio: uma revolução fora do papel

Por Sérgio Abranches

O jornalismo está passando por uma revolução e, vejam só, nenhuma surpresa, ele está informando sobre ela. Onde quer que eu vá para discutir mudança no século XX, tropeço com a mesma idéia. Todas as disciplinas e todas as profissões estão cheias de pessoas vendo uma revolução em processo – eu disse em processo – não que se prenuncia.

Ela está apenas começando, em seu estágio primitivo, mas já produziu mudança suficiente para nos maravilharmos com as novas possibilidades que ela abre; nos assustarmos com os riscos e questões éticas que ela levanta; e ficarmos perplexos com as incertezas à frente. Há alguns determinantes comuns a toda essa movimentação: saltos na tecnologia digital e de computação; emergência de novas mídias e convergência das mídias; novos campos científicos, novo conhecimento e novos recursos por toda parte.



Eu estava zapeando na TV, quando parei numa entrevista da Márcia Peltier com o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, provavelmente um dos mais proeminentes em seu campo na América Latina. Conheço o Paulo pessoalmente e é uma grande figura. Ele falava que a medicina em geral, e sua especialidade, em particular, estão sendo revolucionadas por novas descobertas científicas e tecnológicas. Ele tentava passar a idéia de que estava falando sobre revolução, não mudança incremental, ou mesmo mudança rápida. Ele não falava de avanços ou aperfeiçoamentos em uma determinada prática, modelo ou paradigma. Ele falava sobre uma transformação total, mudança radical, ruptura de paradigma. “Tão radical como quando a moderna medicina ocidental nasceu do desenvolvimento da anatomia”, disse.

Três áreas de progresso científico e tecnológico estão dirigindo essa revolução: genômica e a possibilidade de redesenho terapêutico dos genes; pesquisa com células-tronco embrionárias e a perspectiva de terapia celular; e nanotecnologia, como caminho para cirurgias e tratamentos não-invasivos, particularmente na neurologia. Alguns saltos já fizeram enorme diferença. Ele mencionou, como exemplo, o extraordinário avanço no diagnóstico e no tratamento propiciado com a substituição da radiografia pela imagem por ressonância magnética. Claro, a tecnologia digital e de computação são parte dessa revolução também.

Soa familiar para aqueles que estão debatendo o futuro do jornalismo? Com certeza. Estamos tentando surfar uma gigantesca onda de mudanças. Uma revolução, que está transformando o negócio, a tecnologia, a economia, a profissão, a prática, a ética e a pauta do jornalismo. Nem um só tijolo de todo o edifício do jornalismo construído ao longo do século XX ficará intocado. Obviamente, os céticos podem sempre dizer que a tese da revolução é só uma justificativa para não enfrentar o trauma que a morte do jornalismo poderia causar. Talvez. Então, o jornalismo morreu. Tudo bem. Vida longa para o jornalismo.

Essa é uma forma para lá de esquisita de morrer: relatando o próprio passamento e ainda falando da vida post-mortem. Ou nos movemos para o mundo místico, ou isso é o jornalismo no seu melhor momento, com todo o cinismo, ceticismo, controvérsia e agitação típicos da cultura da redação. Olhando para o que está acontecendo e tentando entender aonde todo esse tumulto vai dar: isso é o que jornalistas fazem. Porque é uma disrupção, não uma atualização, como disse com precisão Clay Shirky. Essa mudança revolucionária, não é causada apenas pela tecnologia e novos recursos de rede social na web. Nem acontece apenas no jornalismo.

O aquecimento global, um macro-fator de mudança no século XXI está determinando a aceleração e reorientação de prioridades e investimentos em ciência e tecnologia; está reformulando a prática médica, por meio de pandemias, dos efeitos de ondas de calor e frio; ou os negócios, abrindo novas avenidas para investimento, fechando rotas tradicionais de ganhar dinheiro; ou o jornalismo, redefinindo o modo pelo qual se deve procurar a conexão com a mudança climática em toda cobertura; e a lista vai adiante, alcançando todas as práticas relevantes que se possa imaginar.

Steve Yelvington diz, acertadamente, que

“a tecnologia está operando profundas transformações no jeito com que as pessoas descobrem e chegam a entender eventos públicos. O processamento social dessa informação está se mudando da sala de jantar e da mesa de refeições para as redes. O poder da informação está se deslocando dos centros e instituições, para as franjas e para os indivíduos”.

A tecnologia, tanto quanto o aquecimento global são tendências firmes do século XXI com as quais jornalismo terá que lidar e às quais terá que se adaptar, encontrando novos modos de continuar cobrindo os acontecimentos e se financiando.

Como diz Yelvington,

“no contexto dessa mudança, um jornalista ou um executivo da imprensa que persista operando como se ele vivesse no século XX é culpado de falhar na busca de cumprir com suas obrigações morais, ou financeiras, com seu público, ou com seus investidores”.

Os jornais, contudo,

“continuam a produzir um produto com o mesmo formato geral e o mesmo conjunto de ingredientes de uma década ou, mesmo, de uma geração atrás”.

A atitude em relação a esse ambiente em rápida mutação tem sido reativa e não inovadora. Quanto tempo o jornalismo ainda levará para se recriar como uma profissão e como um negócio é uma questão aberta, que aceita múltiplas respostas contrastantes e o jornalismo mal começou a respondê-la.

Minha impressão é que os jornalistas, individualmente, como profissionais, estão se movendo mais rapidamente, explorando a web para obter informação, usando as redes sociais para disseminar notícias e opiniões, para ampliar o diálogo entre eles mesmos e com outros profissionais no ramo de buscar e divulgar informação, especialmente os blogueiros. Os jornais têm sido bem menos habilidosos na travessia das trilhas por essas novas veredas digitais.

Yelvington argumenta que

“encontrar essas respostas será um processo confuso, envolverá fracassos e, para muitos, grande sacrifício pessoal. Para os milhares de jornalistas, operadores gráficos, motoristas e outros cuja vida será virada de ponta cabeça”.

A sobrevivência dependerá da eficiência com que “descobrirão novas formas de exercer papéis de valor social”. Para os jornalistas, o desafio é “se adaptar a um mundo no qual compartilham o poder da informação com ativistas, empresários, e pessoas antigamente conhecidas como a audiência” e muitos estão não apenas se adaptando, mas reportando e debatendo o que está acontecendo nesse caminho, os experimentos em curso, os fracassos, as descobertas.

Steven Johnson tem uma visão semelhante e sua conclusão pode servir como visão geral desse tema:

“quaisquer sejam as causas subjacentes (…) o negócio da imprensa – e portanto seu produto editorial – será completamente diferente daqui a cinco ou dez anos (…) Eu penso que há boas razões para acreditar que o sistema de imprensa que está evoluindo online será de fato um modelo de jornal melhor do que este com o qual temos vivido pelo último século”.

Então, a imprensa que está evoluindo online não está realmente matando o jornalismo, e pode mesmo ser apenas uma de suas novas configurações. E os blogs? São uma imitação espúria de jornalismo, uma forma amadora e irresponsável de espalhar rumor, fofoca, fato sem confirmação, opinião vazia e outros conteúdos virulentos e corrompidos? Tem disso aí pela Web.

Mas, o professor da escola de jornalismo da New York University e blogueiro Jay Rosen (@jayrosen_nyu ), tem um forte argumento para negar essa visão negativa do blog:

“bons ‘bloggers’ constroem confiança com uma base de usuários online e, ao longo do tempo, as práticas que levam confiança para a plataforma onde os usuários realmente estão… são sua ética, suas regras”.

E ele vai além:

“aqueles no jornalismo que querem trazer ética para o blog têm que começar pelo que faz as pessoas confiarem em (alguns) blogueiros, não com um figurino (template) ético feito para uma plataforma anterior que operava como um sistema fechado, em um mundo de um-para-muitos. É o que digo: se os blogueiros não tivessem ética, o blog teria fracassado. E é claro que ele não fracassou”.

Jornalistas blogueiros estão se tornando uma presença de larga escala globalmente. Alguns deles se tornaram fontes obrigatórias de informação, opinião fundamentada e informação especializada em determinados temas no mundo todo.

Steve Johnson nos diz que ele obtém informação muito mais útil desse novo ecossistema, do que ele conseguia retirar apenas da imprensa tradicional 15 anos atrás. Mas, alerta, “eu sou um navegador muito experiente da infovia”. Há muitos instrumentos de navegação para ajudar qualquer um a navegar por esse bravo novo mundo da informação online: RSS, robôs, buscadores, Twitter e outros recursos de rede social. Dominá-los com habilidade é tão importante quanto entender os novos princípios da navegação.

Johnson observa, corretamente, que hoje há “mais perspectivas, maior profundidade e mais superfície”. Nada está maduro. No futuro, ele aposta, haverá “mais conteúdo, não menos; mais informação, mais análise, mais precisão e um espectro mais amplo de nichos que terão cobertura”. Eu não apostaria contra ele. Esse aumento quantitativo e qualitativo de conteúdo já está aí, para qualquer um ver, em todas as línguas e em praticamente todos os temas.

O que fazer a respeito disso? Surfar alto as ondas da mudança. Cobrir a mutação. Principalmente, refletir sobre ela, discutí-la com a audiência que se transformou em uma comunidade muito ativa. Por ela a informação flui, dos cérebros e mãos tanto de profissionais, quanto de amadores avançados e não é mais consumida passivamente, mas discutida, reprocessada e frequentemente reciclada e reintroduzida no infofluxo. A matéria jornalística é uma parte fundamental desse fluxo. Shirky nos lembra o ponto preciso do sociólogo Paul Starr de que o jornalismo não é apenas descobrir fatos e formatar notícias.

“Diz respeito, também, a formar um público para ler e reagir a suas matérias. Para um programa de TV, com uma audiência de um milhão, ninguém se importa se é o mesmo milhão toda semana, o que manda é o número de telespectadores. Um público, por contraste, é um grupo de pessoas que não apenas sabe coisas, mas conhece outros membros que também sabem coisas”. Uma comunidade e, para essa comunidade, o “jornalismo é sobre a criação de uma consciência compartilhada”.

O jornalismo é tanto um instrumento da notícia, quanto é um recurso da comunidade e à medida que tanto a fisionomia social dessa comunidade e seu ambiente mudam radicalmente, ele tem que se recriar, mantendo as regras sólidas da profissão das quais retira sua credibilidade e confiança, e adaptando algumas das velhas regras aos novos modos. A notícia precisa continuar a fluir.

Na extraordinária novela de ficção científica de Frank Herbert, Duna, a “especiaria” é a chave de todo o sistema econômico, social e político. Uma frase é repetida, como um mantra, pelo narrador e por vários personagens: “a especiaria tem que fluir”. É isso aí: a notícia tem que fluir. O jornalismo não pode morrer porque ele é, como os vermes gigantes que processam a água no deserto de Duna para produzir a especiaria, vital para que o sistema continue a evoluir, para que atravesse as turbulências. O jornalismo processa informação hoje de mais fontes, de formas ainda mais complexas, para produzir e entregar suas matérias a uma comunidade consumidora ampliada. De sua vitalidade depende o fluxo de notícias que permite ao sistema societário, físico e online, continuar fazendo sentido de si mesmo.

Então, isso é a morte do jornalismo como o conhecemos, ou seu penoso renascimento no novo infomundo? Ao fim e ao cabo, não importa muito. Ele estará entre nós por mais tempo que conseguimos enxergar. É claro que há uma equação econômica – particularmente no EUA e na Inglaterra – que se mostra muito difícil de resolver para manter o negócio da imprensa e pagar os jornalistas por seu trabalho. Ela ainda tem muitas incógnitas. Então, é preciso continuar olhando criticamente as experiências e soluções tentativas, que as organizações de imprensa estão testando.

Bem vindos à revolução e, cuidado, as revoluções tendem a devorar muitos revolucionários que se perdem dela. Uma coisa é certa, ao final, o resultado desses ciclos dentro de ciclos de mudanças será muito diferente de tudo que imaginamos e desejamos.


(Envolverde/Ecopolítica)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O jornalismo de nicho


Uma das tarefas mais difíceis do jornalismo é procurar sintetizar uma realidade complexa em poucas linhas de texto, em alguns segundos de imagens ou escassos minutos em áudio. É o grande quebra cabeças e a principal fonte de divergências entre profissionais, fontes e o público.

Isto é tão velho quanto a atividade jornalística, mas a cada dia que passa a dificuldade aumenta porque até os fatos mais corriqueiros estão se transformando em realidades complexas dada a multiplicação de percepções diferentes transmitidas por diferentes canais de comunicação que conformam a badalada avalancha informativa gerada pela digitalização e pela internet.

Até agora os leitores, ouvintes e telespectadores foram acostumados a esperar dos veículos jornalísticos uma síntese da realidade empacotada em notícias, análises e comentários que pretendiam dar ao público consumidor de informações uma idéia simplificada dos acontecimentos quotidianos.

Esta tarefa torna-se cada vez mais inviável dada a crescente diversificação de percepções, o que nos leva a duas indagações:

a) Para que servem então os jornalistas?

b) Como é que vamos tentar entender o mundo?

A resposta à primeira indagação é parcial. Uma coisa já está clara, não podemos mais jogar sobre os jornalistas a responsabilidade de fazer a síntese diária do mundo para nós leitores porque o mundo ficou complexo demais para ser resumido em linhas de texto ou segundos de tempo. Mas ainda resta pesquisar quais as novas funções dos jornalistas no mundo da informação digital.

Já a segunda indagação tem uma resposta definida embora tão complexa quando a dúvida que a motivou. A síntese do mundo será feita por todos nós, pela soma dos nossos conhecimentos e percepções recombinados de forma coletiva. A síntese quotidiana do que acontece no mundo não será mais feita por uma redação ou por um grupo de profissionais, mas pelo conjunto dos chamados produsers, jargão gringo para a nova figura dos produtores e consumidores de informações, ou seja, todos nós.

A atividade jornalística começa a ficar cada vez mais fragmentada entre milhares de produsers, onde cada um deles tem uma competência limitada porque não pode ter a visão do todo, ou seja de toda a complexidade dos fatos, dados, processos e notícias do nosso quotidiano. A fragmentação noticiosa gera a dependência da diversidade de fontes informativas o que abre a possibilidade do jornalismo de nicho ou segmentado.

Quanto maior a fragmentação ou segmentação informativa, maior a diversidade de fontes e percepções, dando como resultado uma informação mais contextualizada e mais próxima da realidade. Aí estão delineadas algumas das possíveis funções futuras do jornalismo.

Mas tudo isto ainda depende do fator financeiro, ou seja, da sustentabilidade econômica e é ai que está o grande desafio para todos nós, jornalistas ou produsers. Da mesa forma que a produção da síntese noticiosa passa a ser uma tarefa coletiva, a busca de fórmulas para a sustentabilidade econômica da atividade jornalística segmentada passa também a ser uma questão social.

A realidade atual nos aponta duas possibilidades: a atividade jornalística sustentada por interesses comerciais, mais ou menos como é hoje; ou então patrocinada pelo Estado. Na conjuntura atual, é fácil perceber que nenhuma delas vai conseguir um mínimo de consenso.

Mas existe uma terceira, que é o financiamento pela sociedade. Normalmente o governo seria o representante da sociedade e portanto o canal adequado para financiar a atividade jornalística. Mas como ainda vai demorar muito para que os governos deixem de ser feudos de interesses privados de todos os tipos, voltamos ao impasse do parágrafo anterior.

Assim, não há outro jeito senão a sociedade desenvolver de forma coletiva e autônoma a viabilização dos recursos financeiros necessários para garantir a sustentabilidade do jornalismo de nicho. Não é difícil prever que este pode ser um processo demorado, complexo e incerto. Mas por enquanto parece ser o único capaz de garantir que os desejos e necessidades dos produsers não sejam manipulados por grandes corporações ou pela burocracia estatal transformada em super partido político com interesses próprios.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A imprensa verde

Por Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa

Os debates sobre a questão ambiental há muito ocupam lugar de destaque na agenda econômica internacional. O tema conquistou espaço entre os indicadores de desempenho dos investimentos, com referências rotineiras nos principais órgãos informativos do mundo, tanto no papel como na televisão e na internet, por meio do acompanhamento do valor das ações dos chamados fundos sustentáveis.

O mais importante desses indicadores, o Índice Dow Jones de Sustentabilidade, completou dez anos em setembro, consolidando-se como principal parâmetro para a análise dos investimentos em negócios chamados socialmente responsáveis.

O histórico desses indicadores e dos fundos de investimentos formados por ações de empresas que lideram esse movimento no mundo financeiro revela um desempenho regularmente superior ao das demais companhias de capital aberto e menor vulnerabilidade desses papéis às oscilações do mercado. No entanto, a imprensa brasileira ainda trata essa vanguarda como uma faixa marginal do ambiente de negócios.

Pelo nome

São raros os movimentos no sentido de relacionar estratégias sustentáveis de negócio ao tema geral da defesa do meio ambiente e da responsabilidade social, como se os editores estivessem convencidos definitivamente de que o capitalismo tem que ser necessariamente um ambiente selvagem no qual o respeito à natureza e o humanismo representam sinais de vulnerabilidade.

Nesse cenário, chama atenção a iniciativa da revista CartaCapital, que inaugurou, na edição desta semana, um encarte trimestral sobre o tema, composto em parceria com a agência de notícias Envolverde. A aliança com uma das mais respeitadas mídias socioambientais dá à CartaCapital a oportunidade de abordar com profundidade essas questões.

A edição inaugural do suplemento se concentra nos debates que antecedem a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Clima, oferecendo uma visão ampla do desafio que os líderes mundiais terão de encarar em Copenhague daqui a dois meses. A "Carta Verde", como é denominado o suplemento, peca apenas no nome. A expressão tem sido contaminada por muitas ações publicitárias de empresas que mais se dedicam a limpar sua imagem do que a cuidar realmente do meio ambiente.

Simplificando

A busca da síntese é da natureza do jornalismo. Assim, jornais e revistas estão sempre buscando a expressão mais sucinta para conjuntos densos de informações. Essa tendência certamente está na raiz das reduções que muitas vezes dificultam o entendimento de temas complexos, como a questão da sustentabilidade, os conflitos rurais, os desafios da educação e da segurança pública, a qualidade de vida nas grandes cidades e até mesmo a estratégia para exploração das últimas reservas de petróleo do planeta.

No caso do amplo temário que se abriga sob a denominação "sustentabilidade", as simplificações mais atrapalham que ajudam. Como exemplo, pode-se observar como a imprensa rotineiramente trata a questão amazônica quase sempre sob o olhar esfumaçado dos índices de queimadas e do desmatamento. Não se registra qualquer interesse em vincular a preservação da floresta ao tema das políticas agrárias ou das práticas dos negócios rurais. Mais distante ainda é a possibilidade de o leitor se deparar com reportagens que vinculem a preservação do patrimônio ambiental com a questão da gestão territorial.

A imprensa, de modo geral, discute separadamente meio ambiente, agronegócio, agricultura familiar, movimentos de lavradores sem terra e violência no campo. A parceria entre a CartaCapital e a Agência Envolverde pode enriquecer esse cenário.

Muito mais

Quando se referem à floresta Amazônica, no contexto da preservação, jornais e revistas quase sempre ficam presos aos números do desmatamento. A Amazônia não deve ser analisada apenas do ponto de vista do balanço negativo produzido pelo desmatamento, da emissão de carbono quando é queimada, mas principalmente pelo ângulo positivo de sua função na regulação do clima, do potencial de negócios com o mercado de compensação de carbono – ainda que controverso – e da percepção do real valor da floresta em pé.

Da mesma forma, uma empresa que contribui para mudar os paradigmas econômicos através de uma estratégia de responsabilidade social e ambiental é muito mais do que uma empresa "verde".

* Comentário para o programa radiofônico do OI, 15/10/2009.
(Envolverde/Observatório da Imprensa)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“Parece que a CET está incomodada com a ciclofaixa”

Do blog "Pra lá e pra cá", do jornalista Thiago Guimarães

Hoje a conversa é com André Pasqualini. Se você acompanha as notícias sobre mobilidade urbana na cidade de São Paulo, deve associar esse nome a diversos acontecimentos. André é o cicloativista que foi preso no ano passado por ter ficado pelado na Avenida Paulista, no ano passado. Ele também é responsável pelo site CicloBR focado em ciclismo urbano e fonte para diversos meios de comunicação quando o assunto é bicicleta. André começou há pouco a escrever às terças-feiras para o jornal Destak. Próximo projeto: criar um instituto para promover deslocamento sustentáveis nas cidades brasileiras. A entrevista (realizada em 28 de setembro, graças à telefonia em banda larga) gira em torno do cicloativismo e da controversa relação com a CET em São Paulo. Confira.

Desde quando você é ciclista?
Pedalo desde 1993. Um amigo que fazia passeios nos finais de semana me ajudou a comprar uma bicicleta. Começamos a andar num raio de 30 ou 40 quilômetros de São Paulo, na região do ABC. Para me preparar melhor para essas viagens, comecei a fazer o percurso casa-trabalho duas ou três vezes por semana também de bicicleta. Depois comecei a fazer viagens beirando o rio Tietê. Hoje moro a 20 km do centro. Toda vez que saio de casa rodo 50 km com a bicicleta.

E desde quando você é um cicloativista?
Em 2004 entrei para o grupo de trabalho de bicicletas da ANTP. Foi nessa época que comecei a ter contato com ativistas mais antigos e com participantes da Bicicletada. Antes, não era apaixonado por carro, mas achava que o carro era algo que as pessoas deveriam ter. O cicloativismo condena a preferência pelo carro.
Caiu a ficha quando percebi que eu mesmo dava o exemplo. Pelo site CicloBR (que surgiu como site de cicloturismo em 2001 para documentar as viagens de bicicletas que fazia), tenho contato com muitas pessoas. Uma vez, um médico de Pouso Alegre (MG) me escreveu agradecendo. Ele recomendava mais atividade física a seus pacientes, mas fazia seu trajeto de dois quilômetros, de sua casa ao consultório, de carro. Ele começou a pedalar por causa dos textos que questionavam a dependência ao automóvel. Eu tinha conseguido influenciar o médico.
Inclusive acho legal o termo “cicloativismo”. Defendo a mobilidade sustentável, mas defendo muito a bicicleta. A bicicleta aponta uma solução e é uma bela ferramenta para mudança cultural na cidade. Ela humaniza e, no final, vai beneficiar o pedestre.

Em comparação com outras cidades, pedalar em São Paulo requer algo especial?
Já pedalei em Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro, Sorocaba... Posso dizer que, para o ciclista, São Paulo são duas cidades. No centro expandido, há mais respeito, o índice de acidentes é menor. Na periferia é bem mais perigoso. Por quê? Porque onde há mais congestionamento é mais seguro. Carro parado e poste não machucam ninguém. Por isso, eu me sinto mais seguro quando cruzo a fronteira do centro expandido. O Rio de Janeiro tem ciclovia na orla. Mas saindo de lá, é horrível. Mesmo em Curitiba, eu tinha de andar na mesma velocidade do carro para me dar bem.

Qual o melhor momento para começar a andar de bicicleta em São Paulo? Ainda quando criança ou já adulto, quando se tem mais consciência dos perigos da cidade?
Ontem levei meu filho de três anos para a ciclofaixa (foto). Já pedalei com crianças de dez a doze anos. Acho que, primeiro, o ciclista ou o responsável tem que ter conhecimento do trânsito e das condições em que se pedala. É importante conhecer as leis de trânsito, trocar experiência com amigos, pesquisar na internet. O melhor caminho é procurar fazer amizade com ciclistas com alguma experiência. Acho importante que todos os motoristas pedalem para sentir o que os ciclistas sentem.

Cicloativistas dizem participar de uma rede horizontal, aberta, não hierárquica. Como funciona essa rede, na prática?
Horizontal, aberta e não hierárquica é a Bicicletada, o encontro de ciclistas – inclusive iniciantes – que acontece toda última sexta-feira do mês e que atrai, em São Paulo, cerca de 500 pessoas. Mais de trezentas pessoas acompanham e cem participam ativamente do grupo de discussão da Bicicletada. O site é mantido por alguns ciclistas, reconheço que as discussões são moderadas... Já os cicloativistas, no geral, não são organizados. Nesse momento, há uma busca por mais organização. Está sendo formada a Associação dos Ciclistas de São Paulo, uma organização inspirada no modelo da Bicicletada. Porque, no final das contas, alguém tem que responder oficialmente por ações junto ao Ministério Público, junto à Prefeitura... O movimento precisa de lideranças e do reconhecimento de responsabilidades. Agora estou o transformando o CicloBR em um instituto de deslocamento sustentável. Cicloativismo envolve um trabalho educativo. Não é só atirar pedra que vai resolver.

Os cicloativistas andam costantemente no limiar da legalidade: instalam placas clandestinas, pintam faixas sem ter oficialmente essa incumbência, despem-se inteiramente para protestar... O caminho de buscar soluções pelo diálogo está esgotado?
Em hipótese alguma. Mas é necessário deixar claro que existem muitas coisas ilegais. Não se pode construir ponte ou avenida sem ciclovia e sem atentar à segurança de todos. Pintar uma faixa que o poder público deveria pintar não é tão ilegal assim. Atitudes como essa até ajudam pessoas no poder público que são a favor de um transporte mais humano. No fundo, pode até ser ilegal, mas salva vidas. Onde o símbolo da bicicleta está pintado no chão não ocorre acidente. É algo que a prefeitura deveria fazer.

Você já pagou a multa que a CET enviou no ano passado?
Claro que não. Na verdade, a cancelou a multa. Já pedi um comprovante formal do cancelamento, mas eles ainda não enviaram. No Brasil, não há uma definição de obscenidade. Se eu fosse para a Justiça, dificilmente seria condenado. A lei é de 1940 e alguns juízes nem consideram mais crime ficar pelado como forma de protesto. Além disso, havia outras pessoas nuas em minha volta. Mas a polícia achou que eu era o organizador de um evento. Dias antes, havia respondido um e-mail da polícia. No World Naked Bike Ride de 2008, eu estava lá, mas nem iria tirar a roupa. Só que todo mundo começou a tirar a roupa. A polícia não esperava isso. Então o que fez a polícia? Prendeu um suposto organizador para quebrar o movimento. Foi uma questão de metros entre eu ter tirado a tanga e ter recebido a voz de prisão. Nesse ano, os policiais estavam muito mais preparados para oprimir qualquer nudez. Mas os ciclistas combinaram se dispersar na Avenida Paulista e se reencontrar em frente ao Monumento das Bandeiras, despistando a polícia. A partir de lá, os ciclistas conseguiram tirar a roupa e seguiram pedalando pela cidade.

Aliás, como vai o relacionamento dos ciclistas com a CET atualmente?
As condições para o ciclismo em São Paulo não são desenvolvidas por causa da CET. A CET não quer motivar as pessoas a usar a bicicleta. Não sei por quê. Mas se quisesse, poderia desenvolver com maestria. Tecnicamente eles são muito bons. Agora querem fazer mais 40 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas na cidade. Pegaram a Pesquisa Origem-Destino e identificaram as regiões com mais deslocamentos de ciclistas. Lá farão ciclofaixas. Eu discordo desse método. Deveriam levar em conta os acidentes envolvendo ciclistas. Afinal, as ciclovias vão provocar um aumento do fluxo de ciclistas. Mas ao final da ciclovia, os ciclistas terão de encarar o trânsito junto com os motoristas. É aí que o risco de acidentes pode aumentar. Tenho a esperança de que um corpo técnico especializado construa ciclovias na cidade inteira. Também na operação das ciclofaixas, a CET mostra sua filosofia de priorizar a fluidez. Já vi a CET, nos acessos à Marginal do Pinheiros, multando condutores de automóvel por desrespeito ao rodízio, mas deixando de ajudar o pedestre a atravessar a rua. Aliás, os marronzinhos recebem ordens até para abrir mão de multar para assegurar a fluidez aos carros. Essa filosofia prejudica demais os ciclistas, porque quanto mais rápidos os carros, mais inseguro fica o trânsito para os ciclistas. Apenas algumas pessoas na CET são contra essa adoração ao fluxo. Precisamos de gente dentro da administração para defender a bicicleta. Precisamos de um “departamento de bicicletas” dentro da secretaria dos transportes. Gostaria que a prefeitura apresentasse um plano para o transporte cicloviário e investisse em campanhas de educação.

Você já experimentou as ciclofaixas aos domingos?
Duas vezes, apesar da chuva. Lá encontrei monitores da Secretaria Municipal de Esportes e não dos Transportes e nem agentes da CET. Parece até que a CET está incomodada com a ciclofaixa. E também vi motoristas jogando os carros para cima de um ciclista, assim que a ciclofaixa estava desbloqueada para o trânsito de automóveis. Estou com medo de que, com as ciclofaixas, aumente o número de agressões contra ciclistas.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Para que mídias ambientais?

Por Carlos Tautz

Mídias jornalísticas inteiramente dedicadas a assuntos sócio-ambientais são viáveis do ponto de vista econômico, independentemente de sua importância para a discussão de assuntos vitais para a humanidade? Há interesse dos leitores/ouvintes/espectadores que justifique a existência de jornais, revistas, programas de tevê, de rádio e sites de informações sócio-ambientais? Anunciantes estão dispostos a sustentar publicações que eventualmente farão uma cobertura crítica em relação aos prontos veiculados nos espaços comerciais? Ou será que os jornalistas dedicados a cobrir o desenvolvimento precisam imaginar outro tipo de financiamento para as mídias ambientais, para além do mercado publicitário convencional, sob pena de não encontrarem outro caminho para suas publicações que não a bancarrota?


Pela segunda vez, sempre organizados pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), estes debates acontecerão no Fórum Social Mundial. A oficina "Estratégias de Sobrevivência para as Mídias Ambientais" acontecerá no dia 28, tentando, como diz o coordenador do NEJ-RS, Juarez Tosi, "avançar para propostas concretas".

Vão tentar elucidar o problema o próprio Juarez Tosi, João Batista Aguiar, um dos editores da EcoAgência Solidária de Notícias Ambientais (lançada no FSM de há dois anos), Adalberto Marcondes, editor pela recém-lançada revista e diretor da Ecomídias (uma associação de pequenos (em tiragem) veículos sócio-ambientais e membro da Rede Paulista de Jornalismo Ambiental, André Muggiati, assessor de imprensa do Greenpeace Amazônia, e Aldem Bourscheit, assessor de imprensa do Ministério do Meio Ambiente.

Pessoalmente, as chamadas mídias ambientais permanecem necessárias. Em primeiro lugar, são elas, e não os veículos de interesse geral, que são capazes de fazer o debate aprofundado dos problemas e alternativas sócio-ambientais e que terminam pautando a boa cobertura de publicações de maior tiragem e audiência. A chamada imprensa grande tem um tempo e uma dinâmica diferentes das necessidades impostas pelas funções educativa e informativa dos veículos dedicados ao tema sócio-ambiental, que não são espremidos pela necessidade de espetacularização da notícia, que é boa para vender jornal mas incapaz de prover uma boa explicação.

Dois grandes obstáculos se colocam às mídias ambientais e aqui não vou citar nenhuma delas, para não correr o perigo da omissão e injustiça. O primeiro obstáculo é a forma pouco criativa, envolvente e atraente como, regra geral, todos os temas são tratados na imprensa especializada. Em média, o tratamento que uma informação nesses veículos foca o seu aspecto educativo e se preocupa menos com o gancho jornalístico que expõe ao público a sua relevância. Angaria, assim, muito menos atenção do que merece.

As mídias ambientais também pecam pela sua pouca estruturação administrativa e comercial, o que talvez seja fruto de um impulso inicial no sentido de, mais uma vez, educar o público. Esse movimento, extremamente louvável, acaba, assim, mascarando o imperativo, elementar, para a continuidade de qualquer negócio seja ele de
finalidade lucrativa ou não: a construção das bases de sustentação econômica e financeira.

A esses dois problemas, específicos, alia-se outro, que igualmente atinge as empresas de comunicação de todo o mundo. Seus esquemas de financiamento (legalmente, só pode haver dois: venda de espaço publicitário e venda de assinaturas) são insuficientes para sustentar a atividade da imprensa, porque, nos últimos 10 anos, mais ou menos, tanto a internet como fonte concorrente de informação desenvolveu-se muito quanto os anunciantes encontram outras mídias mais eficazes para a veiculação de suas informações publicitárias. Mídias não-jornalísticas e, portanto, não-questionadoras das informações que veiculam.

É uma tarefa dessa importância, e dessa dificuldade, que os debatedores
no FSM terão pela frente.

(*) Jornalista

(Agência Envolverde)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A “gritometria” como ferramenta de participação do leitor

Por Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa

A página Nós e Você: Já são dois gritando está desbravando um território ainda pouco explorado na imprensa brasileira. A proposta das organizações Globo de abrir canais de participação para o público é uma das raras iniciativas das indústrias brasileiras da comunicação voltadas para a valorização do consumidor de informações, seja o leitor, ouvinte, espectador ou internauta.

É claro que o conglomerado global procura ocupar espaços no ambiente Web e usa eficientemente o marketing crossmídia, ao divulgar a iniciativa pelos seus jornais impressos, rádios, televisões e sites noticiosos na Web. Mas é inegável que o Dois Gritando também contribui para que as pessoas em geral comecem a se acostumar com a nova participação interativa.

O site marca a segunda etapa de campanha “Muito além do papel de um jornal”, por meio da qual as Organizações Globo procuram desvincular-se da percepção pública que a associa ao jornal e à TV Globo para posicionar-se como prestadora de serviços de informação voltados para as necessidades diretas da população.

O Dois Gritando foca nas preocupações da população carioca, oferecendo um cardápio de 35 temas sobre os quais os visitantes do site podem postar comentários com até 900 caracteres. Cada comentário, por sua vez, é avaliado por outros visitantes que podem concordar ou discordar.

No dia 28/9, o cardápio apontava o tema corrupção como o mais acessado, com 891 comentários. Em segundo lugar vinha a violência do crime organizado com 295 referências distribuídas entre itens como arrastões, assaltos, balas perdidas e milícias. A saúde pública foi o terceiro tema a receber mais comentários, com um total de 294, seguindo-se a morosidade da justiça (233) e a educação pública (211).

A relação dos temas que mais despertam a atenção do público não tem nenhuma novidade porque ela está presente em todas as pesquisas de opinião realizadas nos últimos 10 anos. O que chama a atenção é a relevância adquirida pela corrupção e a irritação, que várias vezes se transforma em raiva contida, nos comentários de internautas.

Tentei saber se os comentários do Dois Gritando são submetidos a uma filtragem previa antes de serem publicados mas não consegui a informação desejada até a publicação deste texto. Mas vou continuar pesquisando porque é muito provável que exista alguma forma de monitoramento, porque o público do site parece muito comportado, contrastando com as opiniões, em especial sobre corrupção, expressadas em blogs que não monitoram comentários.

O site incorpora um componente lúdico ao dar a seus visitantes a possibilidade de medir o seu grito de protesto, usando a voz e o microfone do seu computador. Seria ótimo se a gente pudesse ouvir os gritos que foram dados. Uma verdadeira catarse. A página permite a participação do público por meio de mensagens Twitter.

O projeto Dois Gritando funciona em estreita ligação com o Eu Repórter , que é a página de jornalismo cidadão do conglomerado Globo. Com isto a maior corporação midiática do país largar na frente de todos os demais grupos nacionais da indústria da comunicação em matéria de buscar uma reaproximação com os leitores, ouvintes e espectadores.

A iniciativa global ajuda a criar uma maior consciência pública sobre a participação cidadã na produção de informações. Mas vai ser interessante observar até onde ela está disposta a bancar esta proposta, porque estamos nos aproximando de um período eleitoral onde as opiniões dos eleitores tendem a uma polarização.

O conglomerado Globo tem posições políticas e eleitorais bem definidas. Se ele tentar bloquear posicionamentos diferentes, certamente haverá uma forte resistência do público e a reaproximação com o leitor pode ir por água abaixo. É o risco que correm tanto os sites de empresas jornalísticas como os blogs individuais, quando entram em rota de colisão com os seus
visitantes.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

COMO AS FERRAMENTAS DO GOOGLE PODEM AJUDAR AS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS.

O CEPAM (Centro de Estudos e Pesquisa da Administração Municipal), por meio do projeto CIM (Célula de Inovação do Município), a SECTES (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais), através do projeto TEIA (Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação Aplicados), e o Google Brasil vão realizar o primeiro Google Day em rede no País.

DATA E HORÁRIO
O Google Day em Rede vai ocorrer no dia 07/10, quarta-feira, das 13h30 às 18h00.

OBJETIVO
O objetivo do Google Day em Rede é mostrar como os gestores públicos e privados podem aplicar as ferramentas do Google no seu dia-a-dia, aumentando a produtividade individual e organizacional e beneficiando seus públicos.

PÚBLICO
O público em geral poderá participar do Google Day. Para isso, o encontro será transmitido em tempo real a partir de dois eventos presenciais, a Inovatec 2009, realizada em Minas Gerais, e o Google Gov, em São Paulo.
A transmissão do Google Day em rede poderá ser acompanhada por ambientes virtuais que orbitam em torno dos projetos CIM e TEIA. Vale destacar que a página central do encontro será a rede social do CIM (www.redecim.com.br), lançada há cerca de um mês.

PROGRAMAÇÃO
- A programação do Google Day começa às 14 horas a partir do evento em Minas Gerais, a Inovatec 2009, com uma apresentação geral da equipe do Google sobre as ferramentas que podem ajudar no aumento da produtividade das empresas.
- Às 15 horas, passamos a transmitir do Google Gov, direto de São Paulo, quando será realizada uma apresentação pela equipe do Google sobre o trabalho que tem sido feito com governos ao redor do mundo. A seguir, haverá uma apresentação das possibilidades da busca, do Youtube e do Orkut. Para finalizar a primeira parte do encontro, a equipe do Google irá apresentar os usos de outras ferramentas, como Google Docs e Maps.
- Na segunda metade do encontro, será conduzida uma rodada de perguntas e respostas aberta a todos os públicos que participarem do Google Day, seja presencialmente ou remotamente por meio de ferramenta de “chat”.

REALIZADORES
- Pelo Google, participarão do evento o Francisco Gioielli, representante do Google Enterprise, Ivo Corrêa, Diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais do Google Brasil, Adriana Grineberg, que é Diretora de Negócios para a área de governo e José Nilo, que é Diretor de Negócios do Google Enterprise.
- Além dos profissionais do Google, contaremos com a participação de diversos representantes do poder público de Minas Gerais e de São Paulo.
- Haverá também a participação de blogueiros e de outras profissionais com forte atuação na internet.

COMO PARTICIPAR
O Google Day vem para reforçar o movimento permanente de inovação nas organizações públicas e privadas em que São Paulo e Minas Gerais são pioneiros. E como esse movimento é de interesse de cada indivíduo, todos estão convidados a participar presencialmente ou pela internet.
Presencialmente
Para participar presencialmente em São Paulo, considerando que as vagas são limitadas, basta preencher o formulário disponível aqui. Já quem quiser participar em Minas Gerais, é só comparecer na data do encontro ao estande do TEIA MG no evento Inovatec 2009 que acontece no Expominas. Mais informações aqui.
Pela internet
Para aqueles que quiserem participar e acompanhar o Google Day ao vivo pela internet, basta acessar qualquer uma das páginas da tabela abaixo na data e horário do encontro, lembrando que os eventos serão simultâneos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Seja jornalista com R$ 40,

Eu juro que não queria mais entrar nesta discussão de diploma ou não diploma para o execício da profissão de jornalista. Mas hoje vi um anúncio na internet, daqueles que se publica no Google, oferecendo um curso de jornalismo por R$ 40,00, e não é mensalidade, é pagamento único.

Será que uma sociedade moderna pode mesmo evoluir e enfrentar os desafios do conhecimento público com jornalistas formados desta maneira? É muito difícil acreditar que profissionais éticos e competentes possam ser forjados em um curso de R$ 40,00.

Para quem precisa ver para crer, o link é: http://www.cursos24horas.com.br/cursos/jornalismo.asp?gclid=CJT0pvvFl50CFQtN5QodPw6p1w
Dal Marcondes

Conferência Nacional de Comunicação

Regimento interno da Confecom, finalmente, é aprovado

A comissão organizadora da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) aprovou terça-feira (1º/9) o regimento interno do evento, com os critérios para representação dos movimentos sociais, entidades empresariais e de governo. Com o tema "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital", a etapa nacional da Confecom está marcada para os dias 1º, 2 e 3 de dezembro, em Brasília. As Conferências estaduais deverão ocorrer até 8 de novembro as municipais até 20 dias antes da Estadual.
Para a secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, uma vez aprovado o regimento interno, é o momento da base cutista se mobilizar no conjunto dos municípios ao lado dos movimentos sociais para assegurar o mais amplo debate, contribuindo com a formulação de propostas que assegurem a inadiável democratização do setor.

Entre as prioridades da CUT na Confecom, ressaltou Rosane Bertotti, estão a construção de um novo marco regulatório com mudanças nos processos de concessões de rádio e televisão; regulamentação dos artigos 220, 221 e 223 da Constituição Federal; fortalecimento do sistema público de comunicação e o fomento a rádios e tVs comunitárias; estabelecimento de políticas e de mecanismos de controle público de comunicação; universalização da banda larga e inclusão digital, e o estabelecimento do horário sindical gratuito, a exemplo do que já acontece com os partidos políticos.
Confira abaixo a íntegra do Regimento Interno da Confecom, publicado nas páginas 72 e 73 desta quinta-feira (3 de setembro) no Diário Oficial da União.
REGIMENTO INTERNO
1ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO - CONFECOM
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS
Art. 1º O tema da 1ª Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM, convocada pelo Decreto de 16 de abril de 2009, é "Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital".
Parágrafo único. Os trabalhos da CONFECOM serão desenvolvidos a partir do tema referido no caput.
Art. 2º A Conferência Nacional de Comunicação é um instrumento de contribuição que tem como objetivo geral a formulação de propostas orientadoras de uma Política Nacional de Comunicação e que visa promover o debate amplo, democrático e plural com a sociedade brasileira, garantindo-se a participação social em todas as suas etapas, nos termos desse Regimento.
Art. 3º São objetivos específicos da 1a CONFECOM:
I - elaborar o relatório final que proponha princípios, diretrizes e recomendações para a formulação e implementação de políticas públicas de comunicação; e II - propor mecanismos para efetivar a participação social no âmbito da comunicação.
CAPÍTULO II
DOS EIXOS TEMÁTICOS
Art. 4º Os eixos temáticos devem orientar os debates realizados durante a 1ª CONFECOM e serão desenvolvidos a partir de um documento de referência, que garantirá a integração e transversalidade dos mesmos.
Art. 5º Os eixos temáticos serão definidos e aprovados por Resolução da Comissão Organizadora.
Art. 6º O documento de referência deverá trazer informações básicas sobre os eixos temáticos, calendário e a metodologia da 1ª CONFECOM.
CAPÍTULO III
DA REALIZAÇÃO
Art. 7º A 1ª CONFECOM subdivide-se nas seguintes etapas:
I - preparatórias;
II - eletivas; e
III - nacional.
§ 1º São consideradas etapas preparatórias as Conferências Municipais, as Conferências Intermunicipais, as Conferências Livres e a Conferência Virtual, no âmbito nacional.
§ 2º São consideradas etapas eletivas as Conferências Estaduais e Distrital.
§ 3º As etapas eletivas poderão ser convocadas, respectivamente:
I - pelo Poder Executivo Estadual e Distrital, até o dia 15 de setembro;
II - pelo Poder Legislativo Estadual e Distrital, até o dia 20 de setembro de 2009; e
III - por intermédio da Comissão Organizadora, após as datas mencionadas acima.
Art. 8º A 1ª CONFECOM será realizada de 1º a 3 de dezembro de 2009, subdividindo-se de acordo com o seguinte calendário:
I - etapas preparatórias: poderão ser realizadas até vinte dias antes da respectiva etapa estadual, devendo o relatório correspondente ser enviado em até cinco dias após a sua realização;
II - etapas Estaduais e Distrital: até 8 de novembro de 2009;
E III - etapa nacional: de 1º a 3 de dezembro de 2009.
§ 1º A não realização das etapas previstas nos incisos I e II, em até treze Unidades da Federação, não constitui impedimento para a realização da etapa nacional no prazo previsto.
§ 2º A observância do prazo previsto no inciso II deste artigo é condição de participação dos representantes eleitos correspondentes na etapa nacional.
Art. 9º A etapa nacional da 1a CONFECOM será realizada na cidade de Brasília-DF.
CAPÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO
Art. 10. A 1ª CONFECOM será presidida pelo Ministro de Estado das Comunicações ou por quem este indicar.
Seção I
Da Comissão Organizadora
Art. 11. A Comissão Organizadora é a instância de deliberação, organização e implementação da Conferência Nacional de Comunicação.
§ 1º As deliberações no âmbito da Comissão Organizadora serão por voto dos seus titulares, considerada a maioria dos presentes.
§ 2º Será adotada a modalidade de deliberação qualificada, sempre que metade de um dos segmentos Poder Público, Sociedade Civil ou Sociedade Civil Empresarial indicar alguma questão sensível em votação.
§ 3º As deliberações das questões sensíveis serão por voto dos titulares, considerada uma proporção de sessenta por cento dos presentes para aprovação, devendo, pelo menos um voto de cada segmento, compor o total apurado.
Art. 12. Compete à Comissão Organizadora, além das atribuições especificadas na Portaria no 185, de 20 de abril de 2009:
I - atuar na formulação, discussão e proposição de iniciativas referentes à organização;
II - realizar o julgamento de recursos; e
III - elaborar e aprovar o documento de referência.
Art. 13. A Comissão Organizadora será presidida pelo representante do Ministério das Comunicações.
Parágrafo único. A ausência injustificada de representante de uma entidade em duas reuniões da Comissão Organizadora ensejará seu desligamento da Comissão.
Art. 14. Poderão ser convidadas personalidades ou entidades para reuniões específicas da Comissão Organizadora.
Art. 15. A Comissão Organizadora, nos seus encaminhamentos, contará com três subcomissões, que prestarão apoio técnico e operacional necessário à execução de suas atividades, a saber:
I - subcomissão de infraestrutura e logística: responsável por garantir a presença dos delegados, de forma segura na CONFECOM, respeitando os critérios de acessibilidade aos documentos e trabalhos da Conferência, a locomoção das pessoas com deficiência, bem como a alimentação, a organização do fluxo de entrada dos participantes nas Conferências, a programação cultural, os critérios de composição dos estandes e o controle de frequência dos delegados;
II - subcomissão de metodologia e sistematização: responsável pela elaboração de propostas de metodologia da Conferência, incluindo sua dinâmica, e de eixos temáticos, sistematização das propostas vindas dos Estados e a elaboração do relatório final da Conferência; e
III - subcomissão de divulgação: responsável pela recepção, provimento e difusão de informações das comissões organizadoras nos Estados, das Conferências Municipais ou Intermunicipais e Estaduais e pela campanha publicitária da Conferência.
§ 1º As propostas de deliberação e providências concebidas pelas subcomissões serão implementadas após aprovadas pela Comissão Organizadora, ouvida a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República - SECOM em relação à campanha publicitária.
§ 2º O conteúdo da campanha publicitária da Conferência será baseado no tema de que trata o art. 1o e nos eixos temáticos.
Seção II
Da Coordenação Executiva
Art. 16. A Comissão Organizadora contará com uma Coordenação Executiva composta por servidores indicados pelo Ministro de Estado das Comunicações, e terá por objetivo prestar assistência técnica e apoio operacional à execução das atividades.
Art. 17. Compete especificamente à Coordenação Executiva:
I - organizar a pauta de reuniões da Comissão Organizadora;
II - implementar as deliberações da Comissão Organizadora, inclusive organizando a etapa nacional da Conferência;
III - acompanhar as etapas prévias, auxiliando nos seus aspectos preparatórios, em consonância com a Comissão Organizadora;
IV - dar suporte na sistematização dos relatórios provenientes das etapas Estaduais e Distrital e na elaboração do caderno de propostas;
V - auxiliar na elaboração do documento de referência, do relatório final e dos anais da Conferência; e
VI - outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Ministro de Estado das Comunicações.
Seção III
Da Organização das Etapas Preparatórias
Art. 18. São etapas preparatórias da 1a Conferência Nacional de Comunicação:
I - Conferências Livres;
II - Conferência Virtual;
III - Conferências Municipais; e
IV - Conferências Intermunicipais.
Parágrafo único. As etapas preparatórias não elegem delegados.
Art. 19. As etapas preparatórias têm caráter mobilizador e propositivo apenas para as etapas Estaduais e Distrital.
Art. 20. As etapas preparatórias deverão debater o tema e os eixos temáticos da Conferência, constantes do documento de referência aprovado pela Comissão Organizadora, sem prejuízo de debates específicos relacionados ao tema, em função da realidade de cada localidade.
Art. 21. A validade das etapas preparatórias está condicionada aos seguintes requisitos:
I - discussão dos eixos temáticos da Conferência;
II - elaboração de relatório nos termos do disposto neste Regimento;
III - observância do Regimento Interno da 1a CONFECOM; e
IV - observância da metodologia da 1a CONFECOM, definida pela Comissão Organizadora.
Art. 22. Os relatórios aprovados nas Conferências Preparatórias deverão ser encaminhados às comissões organizadoras dos seus respectivos Estados até quinze dias antes da realização das Conferências Estaduais ou Distrital.
Subseção I
Das Conferências Livres
Art. 23. As Conferências Livres, de caráter mobilizador e propositivo, podem ser promovidas nos mais variados âmbitos da Sociedade Civil e do Poder Público, e contribuir com proposições às Conferências Estaduais e Distrital.
Art. 24. As Conferências Livres devem ser previamente cadastradas junto à Comissão Organizadora Estadual e Distrital à qual deseja submeter as suas decisões.
Art. 25. Após a realização da Conferência Livre deverão ser informados à Comissão Organizadora Estadual e Distrital o número e a diversidade de participantes, os períodos de discussão e o relatório de proposições.
Art. 26. As Conferências Livres serão consideradas válidas após envio de relatório de proposições e atividades à Comissão Organizadora Estadual e Distrital.
Art. 27. As comissões organizadoras Estaduais e Distrital deverão comunicar à Comissão Organizadora as Conferências Livres cadastradas e validadas.
Parágrafo único. Onde não houver Conferência Estadual, as Conferências Livres submeterão as suas contribuições à Comissão Organizadora da CONFECOM.
Subseção II
Da Conferência Virtual
Art. 28. A Conferência Virtual, de caráter consultivo e mobilizador, visa ampliar a participação nas discussões concernentes ao temário da Conferência Nacional.
Parágrafo único. A Conferencia Virtual será organizada pela Comissão Organizadora da CONFECOM e poderá contribuir com proposições.
Subseção III
Das Conferências Municipal e Intermunicipal
Art. 29. As Conferências Municipais e Intermunicipais poderão ser organizadas e coordenadas por uma comissão local, observado o critério de composição e deliberação estabelecido na Comissão Organizadora da CONFECOM.
§ 1º A convocação deverá ser realizada pelo Poder Executivo local, mediante publicação em meio de divulgação oficial e/ou veículos de divulgação local.
§ 2º Na hipótese de o Poder Executivo local não convocar a etapa preparatória no prazo previsto no art. 8o, inciso I, a Comissão Organizadora Estadual poderá fazê-lo.
§ 3º O nível de agrupamento entre os municípios para a realização de uma Conferência Regional, Intermunicipal e Metropolitana ficará a cargo dos municípios envolvidos e suas respectivas comissões organizadoras, sob a supervisão da Comissão Organizadora Estadual.
Art. 30. As comissões organizadoras no âmbito dos municípios deverão seguir os procedimentos, a metodologia e os eixos temáticos estabelecidos pela Comissão Organizadora da 1a CONFECOM.
Seção IV
Da Organização das Etapas Eletivas
Art. 31. São etapas eletivas da 1ª Conferência Nacional de Comunicação as Conferências Estaduais e Distrital.
Subseção I
Das Conferências Estadual e Distrital
Art. 32. As etapas Estaduais e Distrital ocorrerão até 8 de novembro de 2009, com os debates e contribuições devendo ser sistematizados conforme previamente definido pela Comissão Organizadora.
Art. 33. As Conferências Estaduais e Distrital deverão ser organizadas e coordenadas por uma comissão Estadual ou Distrital, observado o critério de composição e deliberação estabelecidos pela Comissão Organizadora da CONFECOM.
Art. 34. As comissões organizadoras no âmbito dos Estados e do Distrito Federal deverão seguir os procedimentos, a metodologia e o documento de referência estabelecidos pela Comissão Organizadora da 1ª CONFECOM.

Art. 35. Os relatórios das atividades consolidados nas Conferências Estaduais e Distrital devem obedecer ao roteiro previamente definido pela Comissão Organizadora.

Art. 36. As comissões organizadoras das Conferências Estaduais consolidarão os relatórios das atividades a serem encaminhados até dez dias após a realização dessas, à Comissão Organizadora, para formulação do caderno de propostas.

Seção V

Da Metodologia nas Etapas da Conferência

Art. 37. A metodologia a ser empregada nas Conferências Municipais, Intermunicipais, Estaduais, Distrital e Nacional será definida por Resolução da Comissão Organizadora da CONFECOM.

Seção VI

Da Etapa Nacional

Art. 38. Consolidado o caderno de propostas, o mesmo será distribuído aos delegados da Conferência Nacional.

Art. 39. As discussões durante a Conferência Nacional devem fundamentar-se no documento de referência e no caderno de propostas, resultante dos relatórios de atividades consolidados nas Conferências Estaduais e as emendas contidas neste documento serão objeto de votação nas plenárias de eixos.

CAPÍTULO V

DA COMPOSIÇÃO E PARTICIPAÇÃO NA CONFERÊNCIA

Art. 40. Os participantes da Conferência Nacional de Comunicação estarão distribuídos em cinco categorias:

I - delegados eleitos nos Estados e no Distrito Federal, por segmentos, com direito à voz e voto nos órgãos da Conferência;

II - delegados natos, com direito à voz e voto nos órgãos da Conferência;

III - delegados por indicação, com direito à voz e voto;

IV - delegados da Administração Federal, com direito à voz e voto; e

V - observadores, com direito à voz.

Parágrafo único. O número total de delegados da etapa nacional não será superior a mil quinhentos e trinta e nove.

Art. 41. São considerados segmentos para fins de composição dos delegados eleitos:

I - Poder Público: representantes de órgãos da Administração Pública Direta e Indireta nas esferas Estadual e Municipal;

II - Sociedade Civil Empresarial: representantes de empresas ou representantes de entidades da sociedade empresarial organizada que congreguem interesses do setor de comunicação, que não estejam vinculados, sob qualquer forma, aos demais segmentos; e

III - Sociedade Civil: quaisquer cidadãos ou representantes de entidades da sociedade civil organizada, que não estejam vinculados, sob qualquer forma, aos demais segmentos.

Art. 42. Serão delegados na etapa nacional da Conferência Nacional de Comunicação os citados nos incisos I a IV do art. 40, de acordo com a distribuição por segmento, na seguinte proporção:

I - vinte por cento de escolhidos dentre os representantes do Poder Público;

II - quarenta por cento de escolhidos dentre os representantes da Sociedade Civil; e

III - quarenta por cento de escolhidos dentre os representantes da Sociedade Civil Empresarial.

§ 1º O número de delegados deverá ser proporcional à representação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara dos Deputados, nos termos do Anexo a esse Regimento.

§ 2º As Conferências Estaduais e Distrital elegerão os seus delegados para a Conferência Nacional segundo critérios estabelecidos pela Comissão Organizadora da CONFECOM.

§ 3º As Comissões Organizadoras Estaduais e Distrital observarão a relação de dois participantes inscritos para cada delegado eleito por segmento.

§ 4º Em não atendido o critério do § 3º, caberá à Comissão Organizadora a deliberação sobre o registro da delegação na etapa nacional.

Art. 43. Serão delegados natos à Conferência Nacional e em todas as etapas Estaduais e Distrital os membros titulares e suplentes da Comissão Organizadora.

Art. 44. Serão delegados por indicação, aqueles nomeados em ato do Ministro de Estado das Comunicações, por designação da Comissão Organizadora, para representar as Unidades da Federação que não realizarem suas etapas eletivas, respeitado o critério de proporcionalidade previsto no art. 42 para cada um dos segmentos.

Art. 45. Serão delegados da Administração Federal aqueles assim designados, por ato próprio, até o limite de cento e cinqüenta quatro membros escolhidos dentre os funcionários ou servidores da administração pública federal, direta ou indireta, para participarem nas etapas assim determinadas no ato de sua designação.

Art. 46. Serão observadores, a critério da Comissão Organizadora, as personalidades nacionais e internacionais, os representantes de organizações não governamentais, os representantes de organismos internacionais e outras representações, interessados em acompanhar o desenvolvimento da Conferência.

Art. 47. A Comissão Organizadora de cada Conferência Estadual e Distrital deverá inscrever, junto à Comissão Organizadora da CONFECOM, os delegados eleitos em cada Estado e no Distrito Federal até cinco dias após a realização dessas.

Art. 48. Cada Conferência Estadual e Distrital deverá eleger suplentes até o mesmo número dos delegados, observadas a paridade e a representação dos segmentos.

§ 1º Em caso de substituição, será observada a correspondente categoria do titular.

§ 2º O suplente somente participará da etapa nacional na ausência do respectivo titular.

§ 3º A substituição do titular pelo suplente deverá ser comunicada à Comissão Organizadora com antecedência mínima de dez dias da realização do evento ou por motivo de força maior, devidamente comprovado, no momento do credenciamento.

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 49. As despesas relativas ao transporte, hospedagem e alimentação dos delegados e convidados da etapa nacional correrão por conta de recursos orçamentários do Ministério das Comunicações.

Art. 50. Os participantes portadores de deficiência deverão registrar no momento de sua inscrição para a etapa nacional o tipo de deficiência ou necessidade a fim de garantir as condições necessárias à sua participação.

Art. 51. Os casos omissos ou conflitantes deste Regimento serão resolvidos pela Comissão Organizadora da CONFECOM.

ANEXO

UF DELEGADOS

DELEGADOS ELEITOS:

ACRE 21

ALAGOAS 23

AMAPA 21

AMAZONAS 21

BAHIA 100

CEARA 57

DISTRITO FEDERAL 21

ESPIRITO SANTO 26

GOIAS 44

MARANHAO 46

MATO GROSSO 21

MATO GROSSO DO SUL 21

MINAS GERAIS 136

PARA 44

PARAIBA 31

PARANA 77

PERNAMBUCO 64

PIAUI 26

RIO DE JANEIRO 11 8

RIO GRANDE DO NORTE 21

RIO GRANDE DO SUL 80

RONDONIA 21

RORAIMA 21

SANTA CATARINA 41

SAO PAULO 180

SERGIPE 21

TOCANTINS 21

DELEGADOS NATOS 66

DELEGADOS DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL 154

TOTAL 1539

Jornalismo e política ambiental

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Artigo publicado na Folha de S. Paulo de 06-09-2009

A prioridade dada a assuntos relativos a sustentabilidade é boa notícia e indício de como cresce essa preocupação

NA QUARTA E na quinta passadas, a manchete deste jornal (FSP)não foi sobre os temas que usualmente merecem a distinção (política e economia). Foi sobre políticas públicas ambientais: desmate da Amazônia e imposição de limites de emissão de poluentes para automóveis a gasolina e álcool.

A prioridade dada a assuntos relacionados com sustentabilidade é boa notícia e indício de como tem aumentado essa preocupação no Brasil. Tal alteração na agenda coletiva do país também é constatada no estudo "Mudanças Climáticas na Imprensa Brasileira", que a Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) lança nesta terça, quando poderá ser acessada em www.mudancasclimaticas.andi.org.br A pesquisa monitorou 50 jornais diários entre 2005 e 2008 e comprova como vem crescendo o espaço dedicado especificamente a problemas como o efeito estufa, fontes de energia, consequências das alterações do clima, estratégias para mitigá-las etc..
Também mostra como se amplia consistentemente a valorização da cobertura desses temas aplicados ao contexto brasileiro e especificamente ao de regiões do país.

Claro que nem tudo são flores e ainda há muitos problemas a serem superados, entre eles o das faltas de diversidade de fontes e de dissenso conceitual no material publicado, um dos temas, aliás, de que trata o livro indicado ao final, que faz uma abordagem engajada e militante do jornalismo ambiental.

Quando eu defendi tese de mestrado sobre meios de comunicação de massa e meio ambiente, 33 anos atrás, o panorama era muito diverso. Menções a problemas ecológicos na mídia brasileira eram raras e mal arranhavam a superfície dos assuntos abordados. Pessoas como Ernesto Zwarg, que morreu há dez dias, aos 84 anos, e na década de 1970 corajosamente liderou diversas ações de conscientização ambiental no litoral sul de São Paulo como precursor de métodos celebrizados pelo Greenpeace, eram consideradas exóticas.

Agora, líderes transitam entre política e ambientalismo, a ponto do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore desprezar as eleições para se dedicar a alertar o mundo sobre o aquecimento global e obter os prêmios Nobel e Oscar (com o filme recomendado abaixo) e a ambientalista Marina Silva ser cotada como aspirante à Presidência do Brasil, com boas chances de expressiva votação. A complexidade científica, ideológica e política das questões ambientais constitui um grande desafio para o jornalismo. Por exemplo, nesta semana, em que se comemorou a notícia de que o desmate da Amazônia diminuiu em 2009, revelou-se, em boa reportagem deste jornal, que, mesmo com taxas menores de derrubada da floresta, é possível que a emissão de carbono provocada por ela aumente. Para ser eficaz, o jornalismo tem de reportar fatos com precisão, argúcia, espírito crítico, o que é sempre complicado, mas especialmente vital nos temas de ambiente.

PARA LER
"Comunicação, Jornalismo e Meio Ambiente", de Wilson da Costa Bueno, Mojoara Editorial, 2007 (a partir de R$ 18)

PARA VER
"Uma Verdade Inconveniente", de Davis Guggenheim, 2006 (a partir de R$ 19,90)

domingo, 21 de junho de 2009

E como ficam os estudantes de jornalismo?

.
Por Dal Marcondes, da Envolverde

Não se exige mais diploma universitário para o exercício da profissão de jornalista. Esta regra foi criada em 1975 e assinada pelo então general-presidente Ernesto Geisel. Foi ela o único motivo pelo qual fiz a faculdade de jornalismo. Minha intenção era cursar história e exercer o jornalismo, profissão que já tem uma certa tradição em minha família. Minha avó Hilda Marcondes foi jornalista, meu pai Silvio Senna é jornalista e minha filha está cursando jornalismo.

Neste momento não creio que seja produtivo tratar da exigência ou não de diploma de graduação em jornalismo para exercer a profissão de informar a sociedade. Já é uma decisão do Supremo Tribunal Federal e não cabe recurso, apesar de muita gente ainda estar esperneando. Tampouco interessa se sou a favor ou contra o diploma. O mais importante e relevante no momento é dizer aos muitos milhares de estudantes que estão em faculdades de jornalismo como isto vai afetar suas vidas.

Ser jornalista hoje não depende mais apenas de um diploma, mas da qualificação, capacitação e qualidade com que as pessoas estarão preparadas para a tarefa de informar a sociedade sobre fatos do presente e desafios do futuro. Às faculdades de jornalismo resta apenas sair da confortável posição de vendedoras de diplomas com garantias corporativas para a essencial tarefa de formar e capacitar jovens profissionais que vão buscar com competência e talento um lugar no cenário da comunicação.

As empresas de comunicação certamente atuarão de forma oportunista, derrubando conquistas como o piso salarial e garantias de horários de trabalho. Mas não vão conseguir manter a qualidade do jornalismo se esquecerem que, acima de tudo, o jornalista é uma pessoa com compromissos éticos com a sociedade. Um profissional que faz a leitura da realidade e a transforma em boas histórias, com caráter informativo e com relevância para a construção da “opinião pública”.

É preciso dizer alguma coisa a estes milhares de estudantes que chegam ao jornalismo despidos de seus diplomas e vão enfrentar na lide diária com a notícia desafios que vão além do cotidiano, e trazer às portas da sociedade a urgência de transformações no processo civilizatório. Ser jornalista não significa apenas ter um diploma que garanta acesso privilegiado ao mercado de trabalho. Este diploma nunca garantiu isso e, nos últimos tempos, quase metade do que se publica nos grandes jornais brasileiros, especialmente em seções de opinião, não é escrito por jornalistas. Ser jornalista sempre foi uma questão de dedicação e talento.

Sempre me lembro que me formei pela USP, turma que fez o 1° semestre em 1978. Éramos quase 80 estudantes que sonhavam ser jornalistas e profissionais de comunicação. Hoje, quase 30 anos depois, olhando em perspectiva, creio que temos uns dez daqueles 80 que efetivamente atuam como jornalistas ou profissionais de comunicação. Os outros enfrentaram a vida com outras paixões.

Recentemente, durante a Conferência Ethos, em São Paulo, o jornalista Nemércio Nogueira, que hoje atua na área de comunicação corporativa da Alcoa, multinacional do alumínio, disse: “Não estou mais na redação, mas nunca abandonei a cachaça”. Ou seja, as motivações para o jornalismo incluem talento, vontade e compromisso. Nunca vi ninguém dizer que quer ser jornalista para ficar rico. Aliás, em meus trinta anos de redações nunca vi um jornalista ficar rico. Não é para isto que se exerce esta profissão.

Quem acreditar que derrubar a exigência do diploma vai mudar o perfil dos jornalistas está muito enganado. Acreditar que o diploma faz o jornalista é o mesmo que repetir o erro dos torturadores que quebraram os dedos do repórter para que ele não publicasse sua história. No dia seguinte puderam ler: “que tolos, eles acham que os jornalistas escrevem com as mãos”.

O jornalista de hoje e do amanhã tem desafios maiores do que ficar restrito aos currículos. Precisam estudar, e muito, para compreender seu papel em um mundo em mutação, capaz de curar doenças através da nanotecnologia e manter um bilhão de seres humanos passando fome. Ser jornalista nos dias de hoje é um privilégio, é estar no lugar certo, na hora certa. Nunca a sociedade precisou tanto de jornalistas, e nunca estes profissionais tiveram tantos meios para levar informação e conhecimento à sociedade.

Não temos mais diploma. Mas nunca precisamos dele. Temos carências sim, de qualidade de ensino, de conhecimento e sede por informações. Os jornalistas vão seguir em frente nas trincheiras que a humanidade precisa para barrar a barbárie, a ignorância, a tirania e sua própria estupidez. Sempre haverá um jornalista fazendo de sua pena uma arma contra alguma injustiça.

Os moinhos de vento hoje são outros, e são muitos. Para cada nova resposta que a humanidade descobre, jornalistas buscarão novas perguntas. (Envolverde)


(Agência Envolverde)

domingo, 31 de maio de 2009

Esta é do Estadão deste domingo

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Dal Marcondes

Nas páginas de economia o jornal O Estado de S. Paulo deste domingo, 31 de maio, comenta a difícil situação da GM nos Estados Unidos. Mostra como Detroit está sofrendo com a crise e fala dos planos da GM para superar as dificuldades. Principalmente mostra que a empresa está abandonando alguns dinossauros sobre rodas, que a matéria chama de “marcas fracas”, como o Hummer, Saturn, Pontiac e Saab.

A grande manchete da página B15 é: “O fim do sonho americano para os empregados da General Motors”. A retranca é: “Detroit se tornou cenário de degradação e pobreza”. Bom, é uma matéria realista, assinada pela jornalista Patrícia Campos Mello, enviada especial a Michigan

Na mesma edição, alguns cadernos adiante, no Autos 1, a manchete chama a atenção para o Hummer, um veículo que, segundo a legenda da foro, é “Dócil: mesmo larga (2,12 metros), a picape é fácil de guiar. Com bons ângulos de ataque e saída e 4x4, ela encara qualquer desafio”. É muito estranho ver o Estadão, um jornal que certamente tem a maior parte de seus leitores na congestionada paulicéia, exaltando as qualidades de um veículo com mais de 2 metros de largura e 5,4 metros de comprimento. Um motor de 242 cv e 2.238 quilos.

Esta esquizofrenia dos meios de comunicação está ficando cada vez mais comum. Principalmente em relação à indústjavascript:void(0)ria automobilística e ao consumo. Mas isto é bom, porque antes as notícias eram apenas sobre as qualidades de produtos que não vão poder sobreviver neste século.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Será o fim dos concorrentes do Google Analytics?

Programas de análises de métricas podem ser prejudicados por uma inovação no Google, que começa a exibir resultados de busca em Ajax. Pode ser bom para o usuário e ruim para os demais web analytics. Entenda.

Por Giordani Pasqualon

O Google começou recentemente a implementar as páginas de resultado de busca em Ajax em alguns países. Na prática, para os usuários a diferença será pouca, exceto claro, pelos novos recursos apresentados como a reorganização (reposicionamento e/ou eliminação) de resultados não considerados relevante pelo usuário.

Mas e quanto aos programas de web analytics de terceiros? Como eles ficam? E por que esta questão?

Uma URL de busca hoje apresenta mais ou menos o seguinte formato:

http://www.google.com/search?hl=en&q=google+ajax&btnG=Google+Search

Com mais ou menos parâmetro, este é um formato geral. Praticamente todo web analytics confia na informação de Referer passada pelo navegador para extrair a palavra de origem da busca que levou o tráfego ao site.

Com o formato geral de busca é relativamente fácil extrair esta informação porque ela é um parâmetro da URL (tudo após o sinal “?” é considerado parâmetro da URL).

Normalmente o parâmetro q contém a palavra buscada:

http://www.google.com/search?hl=en&q=google+ajax&btnG=Google+Search

Basta o web analytics recuperar a informação da URL de referência e extrair a informação do parâmetro q para saber o que foi procurado e que levou ao site.

Contudo, o novo formato de URL para a interface em Ajax do Google se assemelha à seguinte:

http://www.google.com/#hl=en&q=google+ajax&btnG=Google+Search&aq=f&oq=google+ajax&fp=1&cad=b
O que mudou?

Como podemos ver na URL acima, não há mais o uso do sinal “?”. Deste modo, não há mais passagem de parâmetro – da maneira natural. O que temos agora é uma passagem de âncoras que é interpretada pelo JavaScript do Ajax.

http://www.google.com/ # hl=en&q=google+ajax&btnG=Google+Search&aq=f&oq=google+ajax&fp=1&cad=b
Qual o problema nisto?

O que acontece é que os navegadores não passam as âncoras quando passam a URL de referência (Referer). Deste modo, quando entrarmos no site destino do resultado de busca, todos os “parâmetros” da busca feita na interface em Ajax serão perdidos, e assim nenhum web analytics atual será capaz de saber que palavra buscada levou ao site destino.

Somente quatro navegadores são capazes de passar as âncoras da URL referência:

* MSIE 5.x (Mac)
* Netscape 4.7x
* Netscape/7.0x (Mozilla rv:0.9.x - 1.0.x)
* Safari/85.7 (Mac)

Contudo, estes navegadores juntos representam menos que 1% do total de navegadores usados hoje em dia.

Cogita-se que mesmo o Google Analytics possa ser afetado por esta mudança, mas será que o Google daria um tiro no próprio pé?

Pensemos. Tanto a busca do Google, quanto o Google Analytics rodam sob o mesmo domínio, deste modo não temos problemas de segurança, ou seja, um cookie salvo na página de busca poderá ser recuperado pelo Google Analytics na página de destino da busca onde o GA estiver instalado.

Outra hipótese poderia ser um parâmetro não documentado na documentação do GA; tanto a interface em Ajax quanto o GA são baseados em JavaScript e a interpretação e passagem destes valores é realizável.

Independente do método utilizado pelo Google, acredito que dificilmente o Google Analytics seria prejudicado.

Então eu volto à pergunta inicial: será este o fim dos programas de web analytics de terceiros? [Webinsider]

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Caem os investimentos em mídia do Governo Federal em 2007

A Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informa o total de investimentos em mídia do Sistema de Comunicação Social (Sicom) do Governo Federal, que engloba a Secom, empresas estatais e organismos da Administração Direta.
O total do investimento em 2007 foi de R$ 908,1 milhões, com uma queda de 18,5% real (já descontada a inflação) em relação aos R$ 1.114,8 milhões realizados em 2006. A redução se explica porque o Congresso determinou um corte das verbas publicitárias do Governo Federal, que em 2007 deveriam ficar restritas a 90% do valor aplicado em 2006. Além disso, diversos componentes do Sicom estavam sem agência de publicidade e deixaram de investir em mídia em 2007, como foi o caso dos Correios, da Eletrobrás e do Ministério dos Transportes. Os investimentos das empresas estatais que concorrem no mercado representaram 72,2% do total das verbas de mídia do Governo Federal, com um investimento de R$ 656,2 milhões em 2007 e uma diminuição real em comparação com o valor aplicado em 2006.
O investimento total em televisão foi de R$ 573,6 milhões em 2007, com uma queda de 16% em comparação com o ano anterior. No entanto, a participação da televisão (share) no total dos investimentos em mídia do Governo Federal passou de 61,3% em 2006 para 63,2% em 2007, pois diversas empresas estatais concentraram maior verba neste meio, por exemplo em patrocínio de eventos como os Jogos Pan Americanos.
No caso do meio jornal, o volume de verbas em 2007 foi de R$ 101,2 milhões, com queda de 7% comparado com 2006, mas o share deste meio cresceu de 9,8% em 2006 para 11,1% em 2007. Em linha com a política da Secom, que incentiva a regionalização da comunicação e a diversificação e distribuição mais eqüitativa das verbas, o número de veículos que receberam publicidade de órgãos do Sicom, comparando os quadriênios 2000/2003 e 2004/2007, cresceu cerca de 63%, passando de 3.703 para 6.031 veículos.
O investimento em rádio caiu em valor e em share de 2006 para 2007, como é possível verificar no quadro abaixo, devido ao fato de diversas estatais terem concentrado mais verbas em televisão, em função da compra de pacotes para a transmissão de eventos dos Jogos Pan Americanos.
Todos os números aqui apresentados foram fornecidos pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP), a partir dos pedidos de inserção fornecidos pelas agências de publicidade. A Secom divulgará no segundo semestre deste ano os investimentos em publicidade do Governo Federal realizados na primeira metade de 2008, para cumprir a política de transparência e prestar contas à sociedade.

Brasília, 03 de junho de 2008

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Clique aqui para ver mais detalhes sobre os investimentos em mídia do Governo Federal

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

'Objetivo é dobrar número de ciclistas até 2015'' - O Estado de S.Paulo

Camila Viegas-Lee

Desde que a comissária Janette Sadik-Khan assumiu o comando do Departamento dos Transportes em Nova York, há 35% de ciclistas a mais nas ruas da maior metrópole americana. Em 27 de abril de 2007, Janette embarcou numa política agressiva para melhorar a qualidade do ar, a mobilidade e os espaços públicos. Para ela, o sistema de transporte de cidades como Nova York ou São Paulo está tão ligado à condução quanto à qualidade de vida.

Um dos desafios do Departamento dos Transportes é a falta de estacionamentos para bicicletas. Duas leis em estudo poderiam aliviar o problema: permitir o acesso de bicicletas em estacionamentos de prédios comerciais e criar um estacionamento para bicicleta a cada dez para carros.

Em busca de soluções para as questões de transporte, Janette tem visitado diversas cidades. Em dezembro, esteve em São Paulo para a Conferência Internacional Urban Age, sobre o futuro das cidades. Em entrevista ao Estado, falou sobre economia, ecologia e a amiga bicicleta.

Os entusiastas dizem que Nova York é perfeita para bicicletas. Os críticos dizem que é loucura pedalar ao lado dos famosos taxistas da cidade. Como surgiu a ideia de investir em um programa de bicicletas para a cidade?

Nova York é relativamente plana e a maior parte das viagens é menor do que três quilômetros. Ir para o trabalho de bicicleta é uma maneira saudável, econômica, ecológica e divertida de curtir a cidade. E menos do que 1% da população pedala como transporte diário, portanto temos uma ótima oportunidade para aumentar essa porcentagem. Nosso objetivo é dobrar o número de ciclistas até 2015. Alguns dizem que a bicicleta é uma forma alternativa de transporte. Acho que é fundamental.

Desde que a senhora assumiu, a extensão de ciclovias passou de 350 km para 675 km. O que mais faz parte do plano de dobrar o número de ciclistas até 2015?

Lançamos a campanha Look, com o objetivo de educar ciclistas, motoristas e pedestres para respeitarem um ao outro. Além disso, distribuímos 20 mil capacetes e 1.500 campainhas e luzes para bicicletas, essenciais para evitar acidentes.

Quais os maiores desafios dessa meta?

Mudar como as pessoas veem suas ruas. Para elas, o melhor que se pode esperar é permitir um rápido acesso do ponto A ao ponto B. Essa mentalidade prioriza carros e não é uma maneira sustentável de lidar com o aumento da população. Haverá mais 1 milhão de habitantes em Manhattan em 2030 (hoje há 8,2 milhões). Devemos considerar todos os usuários: pedestres, passageiros de ônibus, motoristas e ciclistas. Isso beneficiaria todo mundo. A dificuldade é alcançar o ponto em que todo mundo muda de mentalidade e se dá conta de que pedalar é a maneira mais fácil e segura de ir de um lugar ao outro.

Se tivesse de bolar um programa para incentivar o uso de bicicletas em São Paulo, quais seriam os passos?

Desenvolver projetos de integração com o transporte público. Incluir estacionamentos de bicicletas em estações de metrô, por exemplo. E, acima de tudo, manter conversa constante com o público para mostrar como é mais vantajoso do que usar carros.

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

SC: o preço do esquecimento

Publicado originalmente na Revista Amanhã

Há 25 anos, os catarinenses sofreram uma tragédia que gerou forte comoção e um plano que parecia perfeito. Até que...

A dor sentida por Santa Catarina - e também pelo Brasil - com a catástrofe causada pelas chuvas que despencaram sobre o Vale do Itajaí, na última semana de novembro, encontra paralelo 25 anos atrás. Em 1983 e no ano seguinte, o Estado sofreu com duas grandes enchentes que causaram a morte de cerca de 50 pessoas e deixaram desabrigadas outras 200 mil. À época, nascia um plano elaborado conjuntamente pelos governos federal, estadual e municipais para evitar que a natureza voltasse a arrasar a região. A iniciativa previa investimentos em contenção de encostas, desassoreamento de rios - sobretudo o Itajaí-Açu - e normas para a ocupação urbana do solo, entre outras medidas. Mas o que era para ser uma solução não foi adiante. Se colocado em prática, o plano poderia ter evitado pelo menos boa parte das 126 mortes registradas pela Defesa Civil catarinense na tragédia atual. O número, contudo, deve ficar ainda maior porque há, oficialmente, 27 pessoas desaparecidas.

Enquanto a população tenta fazer com que a vida volte ao normal, a economia calcula - ainda de maneira preliminar - os prejuízos causados por perdas de estoques, paradas de produção e fechamento do comércio. Um levantamento inicial do governo estadual, apresentado ao ministro da Fazenda Guido Mantega, aponta um comprometimento de R$ 1 bilhão do PIB em função dos 15 dias de colapso. O porto de Itajaí, que teve três de seus quatro berços de atracação destruídos, ficou inoperante por mais de dez dias. Nesse período, o terminal deixou de movimentar cerca de R$ 800 milhões em mercadorias.

Tamanho desastre poderia ter sido menor. Bem menor. É consenso entre os analistas ouvidos por AMANHÃ que o principal responsável pelas enchentes e pelos deslizamentos de terra é o próprio homem. Um homem imprudente, como adjetiva Adalberto Marcondes, especialista em Ciência Ambiental e diretor de redação da revista digital Envolverde. Marcondes diz que pouco ou nada se aprendeu com os acontecimentos do passado. Em uma crítica direta aos governantes, ele afirma que quando são autorizadas construções em encostas entra em cena o risco iminente de uma tragédia. "O poder público acaba sendo leniente com a ocupação desordenada do solo. Só porque a pessoa já construiu sua casa, não se tira mais ela de lá", pondera. A cobrança encontra eco em Fernando Almeida, presidente-executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds): "É preciso uma política pública que impeça a ocupação de áreas inadequadas sob o ponto de vista geológico, mantendo a cobertura vegetal intacta", diz.

O efeito é bem conhecido. Com o crescimento das cidades e a conseqüente urbanização de áreas verdes, várzeas e encostas, o solo acaba ficando mais suscetível a interferências climáticas, e os rios, com menor capacidade de escoamento. Por isso, chuvas fortes podem causar erosões, deslizamentos e desmoronamentos. Marcondes, da Envolverde, lembra que em 1967 o município paulista de Caraguatatuba passou por uma experiência semelhante à dos catarinenses. "Pelas mesmas razões, ou seja, ocupações irregulares, desmatamento de encostas e excesso de chuvas, a cidade praticamente deixou de existir. Os morros da Serra do Mar ficaram líquidos", conta. Fenômeno parecido conseguiu ser abortado em Cubatão, na baixada santista. Quando o governo de São Paulo percebeu que a tragédia teria enormes proporções porque atingiria indústrias químicas, o processo de ocupação de encostas foi revertido a tempo, lembra Marcondes. "Realizou-se um trabalho muito sério de recuperação da mata", relembra.

De galochas na TV

Mas o que é preciso fazer para que outros desastres naturais não tenham a mesma magnitude?Marcondes e Almeida dão a resposta em uníssono: "Novas e eficientes políticas públicas". Para o presidente-executivo do Cebds, o furacão Catarina, que atingiu parte do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em 2004, revelou a fragilidade do setor público brasileiro quando é necessário agilidade para contornar esse tipo de situação. "Seja em que nível de governo for, foi uma prova de que não estamos preparados para eventos extremos", diz Almeida, com um alerta. "Ainda veremos mais acontecimentos como esses. Temos de fazer algo para evitá-los."

Agir de maneira preventiva é a solução, mesmo que retirar moradores de áreas de risco seja algo malvisto pela população. "Não adianta o político colocar galochas, sair na chuva e aparecer na TV. Precisamos de lideranças que assumam até mesmo medidas impopulares", destaca Almeida. Assim como ele, o diretor da Envolverde chama atenção para os problemas que as enchentes provocam e que vão além das inundações - como o impacto na saúde pública. "Santa Catarina tem um dos menores índices de saneamento básico do Brasil. Com as cheias, isso aumenta a possibilidade de doenças", observa.

Os catarinenses terão de se reinventar. "Não é possível reconstruir como antes. Será preciso rever todo o modelo de gestão de recursos hídricos," salienta Marcondes. Aliás, segundo Marcondes, todas as grandes cidades brasileiras são problemáticas quando o assunto é gestão de recursos hídricos. Para ele, será preciso repensar esse tipo de processo porque o fornecimento de água potável e o tratamento de esgoto - entre outras medidas - têm relação direta com o desenvolvimento e com a qualidade de vida. "Não se podem mais postergar coisas que a gente sabe que resultam em tragédias", finaliza.